quinta-feira, 12 de maio de 2011

Would you kindly fuck off?

Galerinha, desculpem-me pelo Disappearance Tea,* mas alguns aspectos da minha vida (leia-se, o jurídico) andam zuando o barraco!


Tô com soninho depois de um dia cheio, então resolvi ser muito exxxxperto e publicar um texto que eu escrevi há um tempo, com proposta de tema do Mackenzie, para treinar (para quem não sabe, vou prestar o vestibular de arquitetura no Mack dentro de um mês)!


A proposta é sobre gentileza. Interessante né? Espero que vocês gostem e me passem no vestibular ;)




REDAÇÃO
Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Texto I
Há, nas sociedades contemporâneas em geral, um abandono das formas de boa convivência. É como se a gentileza tivesse sido banida dos  arranjos sociais. Basta observar as pessoas no trânsito: é uma guerra 
constante entre motoristas, pedestres, autoridades fiscalizadoras. Nas  trocas comerciais, é semelhante: quando é que somos bem tratados? E em repartições públicas? Parece que toda vez temos que implorar por 
bom atendimento. Isso é um reflexo da perda de algo fundamental para o bom andamento de uma sociedade: a necessidade da gentileza, do cuidado e da atenção com o outro. 
Tiago Boldariniy

Texto II 
Texto verbo-visual do artista Profeta Gentileza (1917-1996)


Texto III
O que é ser Gentil pra você? Qual a importância da gentileza na sociedade? A gentileza ainda existe? Como?
Pergunta postada no YahooBrasil-Respostas, acesso em 09/2010

Creio que ser gentil é, primeiro, reconhecer que o outro existe e importarse com ele ou ela, depois buscar compreender esse outro, e fazê-lo (fazê-la) sentir-se bem. Acho que a gentileza continua a existir, moro no interior de SP, e presencio gentileza todos os dias. Mas parece que quanto mais acelerado o ritmo da vida, e quanto mais acirrada a competição do ambiente, menos espaço há para a gentileza.

Para saber se ainda existe gentileza, entre no Metrô de São Paulo entre 6 e 7 da manhã ou entre 18 e 20 horas da noite. Você vai ver a gentileza sendo colocada em prática!

Acho que gentileza existe somente entre os que se conhecem ou tem alguma afinidade! Mas gentileza mesmo acredito que não existe mais. Se existe, eu não vejo muito não.
Respostas postadas no YahooBrasil-Respostas, acesso em 09/2010

Gentileza: “já era” sem nunca ter sido
A grosseria está em todo lugar. Aí está um senso-comum e um lugar-comum; é um assunto que, de tão corriqueiro, ameaça a posição do clima como campeão dos diálogos de elevador. Grosseiros são os caixas de supermercado, os motoristas de ônibus (para não falar nos de caminhão), os cartorários, as vendedoras de lojas de luxo. Todos uns grosseiros. Dá saudades dos tempos de trânsito cordial, serventia prestativa e vendedores humildes. E que tempo foi esse?
Foi um tempo que nunca existiu. O trânsito paulistano, por exemplo, nunca foi composto por velinhas bondosas dirigindo fuscas ou caboclos subservientes manejando as rédeas de um carro de boi. Qualquer foto do início do século XX retratando uma estreita rua central por onde passavam pedestres, animais e veículos de tração motora e animal serve de prova cabal.
E a “mocinha” grossa do caixa, como se explica, como se desculpa? Bom, é verdade que você encontrará pequenos mercados por aí onde as caixas são proprietárias e às vezes cuidam do depósito ainda por cima, e estas poderão ser atenciosas e simpáticas. Elas têm disponibilidade para tanto. O que se pode esperar de alguém que processa centenas de produtos consumidos por dezenas de pessoas (para não dizer milhares de produtos e centenas de pessoas) em curtos períodos de tempo? Malabarismo, atendimento personalizado e aconselhamento espiritual? Se o pequeno mercado fosse mais movimentado a proprietária não seria tão agradável. Se fosse muito movimentado, teria uma caixa, que invariavelmente teria muito trabalho e não teria tempo de ser “gentil”.
Chamar então de hipócritas aqueles que reclamam da indiferente e individualista atitude do mundo para com eles? Não. Talvez somente de ignorantes ou pouco esclarecidos. Não há nada de errado em apreciar afeto, cordialidade e um bom sorriso amigável. Mas por qual razão alguém espera que os outros dirijam seus veículos particulares em suas vidas particulares tendo em mente os sentimentos do motorista do automóvel ao lado? Quão grande um ego precisa ser para esperar por isso? Ou, ainda, quão inocente?
A sociedade não se estruturou de forma a valorizar a “gentileza”, a atenção individual. Para ter esses pequenos luxos é preciso pagar um nada-metafórico preço. A sociedade é uma de massa, e já é assim há muito tempo. A velha gentileza gratuita não existe na memória de ninguém, pelo menos ninguém vivo. Claro, excluam-se os beneméritos e as situações íntimas, entre amigos, família. A gentileza no trânsito nunca existiu na sociedade brasileira, e pelo andar da carruagem, do motoboy e do carro importado de luxo, não existirá por um tempo ainda.
E quanto à vendedora da loja de luxo? Para esta certamente não há desculpa, não é? Será que alguém já pensou quantas vezes por dia as pessoas vão só dar uma olhadinha e a dispensa? Última pergunta retórica: e com quem compra e paga o nada-metafórico preço da gentileza, seria ela uma grosseira?

*Tradução livre: Chá de sumiço.

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