quarta-feira, 4 de maio de 2011

Socialitezinhas

Acabou meu segundo dia de blogueiro. Já temos dois seguidores, e da melhor estirpe! Muito obrigado pela presença, Lulu Tieppo e Alê Ferrari! Vocês abrilhantam o As Big!


Bom, queria encerrar o dia com uma matéria patética da qual tomei conhecimento pela também muito querida Tati Fadel. A matéria foi publicada no site do Estadão já faz um mês, e se chama "Fashion Kids reúne "socialitezinhas", deliciosamente escrita por Paulo Sampaio (cara, virei seu fã).


Aparentemente o Iguatemi de SP organiza um desfile infantil, e algumas das mães das "top buyers" * mirins (que palavra bonita! Dá um toque gaulês ao tupi) foram entrevistadas.


Eu não vou explicar muito mais. A entrevista está aí para ser lida e as críticas mais óbvias podem ser encontradas por toda a internet.


Eu tenho uma crítica a fazer, mas eu estou com sono demais para transmiti-la sem ser mal-interpretado. Mas tenho certeza que a Lulu terá a mesma opinião sobre as virtudes dessa "alta sociedade". Amanhã remendo esse texto!


Buonna Notte!


Remendando...


O problema, a grosso modo, é que não dá para entender de onde vêm esses valores que a elite emergente está adaptando e exibindo (ou talvez adapta e exibe, não sou velho e sábio o bastante para saber se isso não foi sempre assim). Essas pessoas não são a "elite".


Podem ser pessoas muito ricas, parte da elite financeira quando comparadas ao resto do país; mas não fazem parte do grupo sócio-cultural de elite.


Não que essa elite de que estou falando seja grande coisa. Talvez seja mesmo pior, com a diferença de que os padrões de elegância e semancol dela não permitiriam que o tom de uma entrevista fosse igual ao dado pelas mamães.


Mas dentro da "elite" existe um tipo de pessoa, que costuma ser o mais admirado por todos. O verdadeiro topo da cadeia alimentar fútil. É aquele tipo de pessoa de elegância discreta, que prefere ser notado por outras coisas que não a marca que usa, que prefere manter sua vida íntima em "off", e em geral possui uma visão de mundo mais ampla do que o resto da "baixa elite", e com certeza é menos deslumbrada. Algumas dessas pessoas ainda trazem de quebra virtudes, valores, discernimento e cultura. Poucos ousados ainda chegam ao cúmulo de quebrar o paradigma, negar a elite e não pautar sua vida de acordo com ela.


Pergunto: Porque não é esse o exemplo que as outras pessoas tentam seguir? De onde veio essa vontade de prostituir os filhos? Não dá pra ter alguns valores um pouco menos obscenamente distorcidos?


Até ia pedir pra não ser mal-interpretado, mas se você não entendeu... sei lá, não vou explicar de novo.


* Tradução livre: "compradores superiores, compradores de elite". É o termo usado no mundo da moda para aquelas pessoas que gastam quantias obscenas com produtos de uma marca, seja para revenda, representação ou uso pessoal. Sempre são agraciadas com boa localização nos desfiles de moda.

2 comentários:

  1. "A minha filha quer óculos Chanel, Prada. A gente gosta de coisa boa, eles aprendem."

    Leia-se:

    "A minha filha quer óculos Chanel, Prada. A gente tem valores distorcidos e nenhum escrúpulo, eles aprendem."

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